domingo, 24 de abril de 2011

O Sentido da Dança do Ventre na Imagem Corporal: Estudo Teórico

Este artigo busca em estudos teóricos o bem estar que ao praticar a dança do ventre vem a contribuir para uma melhor auto-estima, ou seja, uma percepção da imagem corporal de quem a pratica. Dentre os autores segundo ABRAO (2005), é com a dança do ventre que as mulheres conseguem trabalhar sua saúde e abordar sua sexualidade feminina.


DANÇA DO VENTRE
O dicionário online define dança como, “ato ou efeito de dançar, baile; seqüência de movimentos estereotipados, mais ou menos rítmicos; dança do ventre: dança com movimentos acentuados dos músculos abdominais, executada por dançarina.
Conforme o autor VOLP apud FONSECA (2008, p.15) “dançar se expressa por meio do movimento e ritmo guiados pela música representando um espelho de manifestações como emoção, arte, mito, filosofia e religião que são a essência da vida”.

A origem da dança do ventre surge através do culto às deusas, em uma época em que as mulheres tinham todo o conhecimento desde a natureza, a terra, até o contato com seus deuses e o oculto. Era uma forma que elas encontravam sempre que tinham a necessidade de agradecer a algo, em forma de dança referenciam as deusas. Acreditavam também que através da dança era como ocorria à concepção de um filho. Quando faziam seus rituais de dança as mulheres acreditavam que neste momento acontecia a fertilização em seu corpo, conforme podemos observar em SARI (2010).
A dança do ventre era usada para reverenciar as deusas geralmente dançadas dentro de palácios, apenas para pessoas próximas. Sendo transmitida de mãe para filha e tinha características diferenciadas dependendo de cada país e deuses e deusas que eram cultuadas em rituais de dança. Segundo BRAGA (2008, p.2), “nos rituais em sua homenagem, sacerdotisas expunham seus ventres sagrados fazendo-os dançar, vibrar e ondular.”
Um exemplo é a dança dos sete véus que conforme a autora CANTUSIO (2003, p.58), “é uma dança sagrada do mundo antigo, também considerada a dança da fertilidade no Egito e não de caráter erótico como vulgarmente pensa a sociedade do mundo ocidental”
Em muitos países com o passar do tempo a dança deixou de ser apresentada no reservado de palácios e ganhou o mundo e nesse momento houve a mistura com outras danças e culturas, tornando assim a dança do ventre mais como entretenimento do que o aspecto do ritual sagrado. A dança pode ser apresentada em comemorações, festa de casamento, dentre outras, geralmente praticada por mulheres que ao dançar utilizam movimentos de quadril, tórax e músculos abdominais. É o que podemos notar como cita a autora SARI (2010), “Com o passar dos tempos e com o fim da religião antiga a dança foi adaptada para ser executada como simples forma de divertimento, todo o conceito da prática religiosa foi sendo esquecida e sofreu um enorme preconceito”
 A dança do ventre conforme cita o autor ABRAO (2005, p.244), “essa dança é flexível e sistemática e permite o entendimento de conteúdos e situações diversas que ocorrem com o corpo e a mente”, é o que ela proporciona a suas adeptas.  Através dela as freqüentadoras desenvolvem diálogos entre si, reflexões e constantes transformações.
Permite que seja desvendado nosso feminino, amplia a nossa noção de auto-estima, pois entramos em contato com o espelho que geralmente todas as salas de aula tem, que nos ajuda a redescobrir a mulher fora e dentro de si, faz nos olhar com mais atenção para o nosso corpo em movimento levando assim a um auto-conhecimento das dificuldades, da beleza e o poder que existe no feminino. É justamente através do auto-conhecimento que as mulheres vão desenvolvendo o amor próprio e fortalecendo cada vez mais a sua auto-estima. Um reconhecer quais são as dificuldades e as habilidades, segundo a autora SARI (2010, p.10), “a dança do ventre abre as portas para que esse processo aconteça tanto para reconhecer os pontos negativos quanto os positivos”, ou seja, toda bailarina de dança do ventre deve praticar o seu auto-conhecimento, porque só assim ela vai conseguir aprimorar o seu entendimento corporal e emocional tornando mais fácil dançar.
Conforme a mulher vai aprendendo a dança do ventre, ela entra em contato consigo mesma renovando assim seus conhecimentos ocultos e/ou adormecidos da sua feminilidade. Tendo contato com o seu olhar para si, para seu corpo, sua vaidade, renovando seu amor próprio. Tudo isso através da sua emoção, sensibilidade, beleza, intuição, compreensão, delicadeza, sensualidade dentre outros adjetivos que pode ser considerado o feminino que foi mantido trancado ou então por causa de preconceitos religiosos foi reprimido pelas mulheres.
Outro fator interessante é que a dança do ventre contribui diretamente no autoconhecimento e autoconsciência. Tornando também a praticante mais social em seu meio social e dentre aquelas que assim também realizam a dança juntas.
O autor ABRAO (2005, p.244), nos diz que: “ao dançar, podemos experimentar relações em que se realça a consciência de si mesmo e dos demais”. É através desse contato com outras pessoas que tomamos consciência das capacidades que temos e por vezes estavam ocultas. E ainda é possível trabalhar o equilíbrio dos chakras femininos através dos exercícios baseados na dança que estimulam os órgãos internos. Permitindo assim que as mulheres tenham prazer em dançar e ganham um estimulo a auto-estima.
Permitindo assim com a prática da dança o desenvolvimento muscular, de movimento e percepção, a praticante usa seu corpo e conhece melhor, assim cita o autor ABRAO (2005, p.244), “a expressão e liberação do corpo e da mente, levando à busca da auto-valorização e do sentido positivo da vida”.  Adquirindo assim expressão corporal, liberação das tensões diárias e uma expansão da sexualidade da mulher. É a dança que permite liberar energias ruins ou estagnadas, até mesmo pensamentos que não condizem com a mulher.
Cada um dança de uma forma única, conforme sua personalidade, sua alma.  Cada um tem um estilo de dançar, de conduzir a sua dança. E por outro lado também a dança do ventre não é tão simples de se aprender, principalmente porque é o aprendizado de movimentar várias partes do corpo individualmente, aprender a dissociar e depois unir todos esses movimentos de forma que harmonizem com a música e com a expressão.

IMAGEM CORPORAL
São os sentimentos e atitudes que a pessoa tem em relação ao corpo que a levam a ter a percepção e concepção do mesmo.
Imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. É o conjunto de sensações sinestésicas construídas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), oriundos de experiências vivenciadas pelo individuo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto elaborado. (MATARUNA 2004)
Através dos sentidos as pessoas conseguem ter a percepção do seu corpo formando assim uma idéia de como ele se apresenta pra si próprio e para os outros.
Toda mudança é reconhecida através do inconsciente que compara situações já vividas e produz uma nova imagem corporal. Conforme SCHILDER apud MATARUNA (2004) “a imagem corporal pode ser definida como a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente“.
Nossa imagem corporal sofre transformações e adaptações continuamente desde o nascimento até o momento de nossa morte. Para se ter uma formação completa e favorável é importante que o individuo tenha estímulos e vivencie novas experiências em toda a sua trajetória de vida. Sendo assim poderá ser lapidada e transformada mantendo seus elementos de construção inicial preservado como sugere MATARUNA (2004).
Krueger apud MATARUNA (2004) “ressalva a importância da imagem corporal não ser limitada a imagens visuais, mas como fruto da absorção de experiências vividas”. Através da relação com o mundo em um processo de transformação do mundo e o universo, faz com que a pessoa tenha a sua percepção corporal.
Segundo FONSECA (2008, p.35), “a imagem corporal reflete a história de uma vida, o percurso de um corpo cuja percepção se integra e marca a existência do ser no mundo a cada instante.”. Tudo que faz parte da vida de uma pessoa envolve sua imagem corporal, desde gestos, afetos e seu corpo em movimento. Destacando assim a importância de construir a percepção de corpo através de movimentos. É o que podemos notar segundo cita a autora FONSECA (2008, p.36), “essa relação acontece no duplo sentido, tanto o movimento é necessário para percepção do corpo como o conhecimento dos segmentos corporais é fundamental para realização de qualquer movimento.”, ou seja, é uma via de mão dupla, tendo necessário um para a execução do outro.
Cada pessoa vai se comportar e reagir ao ambiente conforme sua satisfação em relação ao seu corpo é o que podemos perceber segundo os autores, BLAESING e BROCKHAUS apud FONSECA (2008, p.36), “pessoas que tem uma boa integração da imagem corporal interagem de maneira mais harmônica com o ambiente, são mais independentes, mais esforçadas, definem objetivos claros para vida”, então ao dançar o individuo expressa seu lado emocional e melhora a sua relação corporal, influenciando assim sua consciência corporal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste artigo foi avaliar o sentido da dança do ventre na imagem corporal, através de estudo teórico. Pode-se perceber que através da dança do ventre é permitido que as mulheres entrem em contato com seus sentimentos e atitudes em relação ao seu corpo fazendo com que elas tenham percepção de sua imagem corporal, até mesmo de suas habilidades e dificuldades.
A dança faz com a que mulher resgate o que esta adormecido por muito tempo dentro de si, esse fato faz com que ela não tenha noção de tudo o que pode fazer e de como realmente é.
As praticantes entram em contato com o sagrado, o feminino que existe dentro de si, isso melhora sua relação com ela mesma e com os outros, o mundo a sua volta. Para que isso ocorra é preciso fazer os exercícios propostos que geralmente trabalha partes do corpo, dando mais auto-conhecimento de si.
Conforme vai aprendendo a lidar com a dança o seu corpo vai se transformando e automaticamente sua imagem corporal. Como cita o autor ABRAO (2005, p.244), “a expressão e liberação do corpo e da mente, levando à busca da auto-valorização e do sentido positivo da vida”.  
Geralmente as pessoas que interagem melhor são as que tem uma boa relação com a imagem corporal, são pessoas que são independentes e conseguem levar uma vida mais tranqüila, pois conseguem lidar melhor com seus objetivos.
E podemos perceber através do estudo teórico que a dança proporciona auto-conhecimento, uma melhor visualização da imagem corporal, relacionamento interpessoal. Permitindo assim bem estar as suas praticantes, mesmo sabendo que não é uma dança fácil, porém com dedicação e tempo, as pessoas vão encontrando o seu jeito de dançar respeitando seus limites.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAO, Ana Carla Peto; PEDRAO, Luiz Jorge. A contribuição da dança do ventre para a educação corporal, saúde física e mental de mulheres que freqüentam uma academia de ginástica e dança. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 13,  n. 2, Apr.  2005.   Disponível em: . Acesso em  28  Jan.  2011.  doi: 10.1590/S0104-11692005000200017.

BRAGA, Viviane. E. M - O resgate do feminino através da Dança do Ventre: uma forma de ser e estar no mundo. 2008, p.243-248. Disponível em: < www.centraldancadoventre.com.br/trabalhos/vivianebraga2.pdf >
DICIONÁRIO ONLINE MICHAELIS. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=dança>. Acesso em 28 jan. 2011.

FONSECA, C. Costa. Imagem Corporal. Esquema corporal, imagem corporal e aspectos motivacionais na dança de salão. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Universidade São Judas Tadeu, São Paulo. p.35-38.

MATARUNA, L. Imagem Corporal: noções e definições. Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 71 - Abril de 2004. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm >.

SARI, N. Jóia Rara, o diário de uma aprendiz. São Paulo - 2010. p.56. Disponível em: < http://www.4shared.com/document/DpxiV_k1/joiara.html>.
por Silvana Souza de Sá nossa aluna de Danças Árabes (Acesso Livre)

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