terça-feira, 19 de outubro de 2010

Por que não profissionalizar?

Tenho observado muito, durante todos estes anos em que estive envolvida em danças e em especial danças árabes, que existe uma resistência muito grande entre os “profissionais” da área em assumir legalmente sua profissão, ou seja, professor de dança ou dançarino.
Talvez essa resistência seja cultural, devido aos preconceitos sofridos dentro de uma sociedade excessivamente material onde a arte não é reconhecida como uma profissão, mas apenas um passatempo ou terapia. Essa crença que vem nos perseguindo há séculos, faz parte do inconsciente coletivo no qual estamos imersos e de alguma forma está enraizada em nossas mentes.
Através da observação e varias experiências consegui ampliar minha estreita visão e chegar a conclusão de que, enquanto dançarina e professora de dança, estive durante muito tempo me defendendo dos questionamentos da sociedade com relação ao sucesso material que essa carreira deveria trazer. Esse movimento me levou a autodefesa que me impelia atacar os poucos e frágeis meios duramente erguidos de tentativa de oficialização desta profissão.

Hoje consigo perceber que somos carentes de um sindicato mais atuante, de uma associação de classe, de oficialização da profissão, de educação profissional, de exercício de direitos e deveres, ou seja de cidadania.
Minha intenção não é criticar o que já foi conseguido a duras penas com o empenho de algumas pessoas, mas sim provocar em você, professor, dançarino, uma profunda reflexão livre de preconceitos sobre por que não assumir legalmente está profissão.
Se eu quiser reconhecimento legal do meu trabalho tenho que começar por me auto-reconhecer como profissional. Empenhar-me e investir para conseguir um diploma registrado em órgão competente, buscar inscrição em entidade de classe, e acima de tudo, pagar meus impostos referente a receita que obtive com minha profissão. Daí sim, com o peito aberto, vou preencher o campo “profissão” no formulário de abertura de crédito como: Instrutor de Dança, Bacharel em Dança, Dançarino Profissional.
Você leitor pode estar pensando neste momento: “Um diploma não quer dizer nada. Existem várias pessoas com diploma que na prática não são bons profissionais”. Eu concordo plenamente com você, porem, deixo a seguinte pergunta: “Você acha mesmo que todo engenheiro que sai da faculdade é um bom profissional?”.
A questão não é o diploma ou o DRT ou seja lá qual for a oficialização, a questão é: Se você é um professor/dançarino que tem anos de estudo e ótimo desempenho, porque não oficializar sua profissão? Por que queremos viver de dança mas “temos que fazer uma faculdade por conveniência” ?
Hoje são inúmeros os dançarinos e professores de dança que temos no Brasil, dentre estes existem grandes profissionais que deram seu melhor para a elevação do padrão de qualidade, através da busca comprometida de informações, de viagens internacionais, de pesquisa, etc. Temos que agradecer estes profissionais pela grande contribuição que nos trouxeram e continuar com esse processo de evolução, do qual não podemos fugir.
Pesquise os inúmeros benefícios que estas ações podem trazer para a sua carreira. Imagine sua vida daqui a 10 ou 15 anos. Auto eduque-se. Busque informações jurídicas, saiba mais sobre o exercício de cidadania.
Construa o seu legado, se perceba além de dançarino, faça a diferença!
Um diploma sem talento não muda muita coisa. Um diploma com talento pode mudar uma sociedade!
Fernanda Souza Payão
Sócia Proprietária e Professora de DOC

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