segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cisne Negro



Estreiou este mês em São Paulo um dos filmes mais polêmicos da atualidade: Cisne Negro.
O filme é um thriller psicológico ambientado no mundo do balé da Cidade de Nova York. Natalie Portman interpreta uma bailarina de destaque que se encontra presa a uma teia de intrigas e competição com uma nova rival interpretada por Mila Kunis. Cisne Negro é uma viagem emocionante e às vezes aterrorizante à psique de uma jovem bailarina, cujo papel principal como a Rainha dos Cisnes acaba sendo uma peça fundamental para que ela se torne uma dançarina assustadoramente perfeita.

Com o orçamento bem abaixo das grandes produções, o filme poderia ser um fiasco, não fosse a excepcional interpretação de Natalie Portman e o enredo psicologicamente perturbador. Para interpretar Nina a atriz se preparou por cerca de um ano com aulas de ballet e ensaios de cinco a oito horas diários e emagreceu dez quilos, porém seu esforço lhe rendeu o Globo de Ouro e o favoritismo ao Oscar de melhor atriz.
Em "Cisne Negro" vemos o lado mais belo e negro do ballet clássico. A bulimia, a competição extrema, a pressão familiar da perfeição e o assédio de quem tem o poder.
Na história Natalie vive Nina que tem sua competência posta em xeque, pois sua fragilidade comprometeria a interpretação do papel que almejava, o de Rainha dos Cisnes, visto que teria que interpretar simultaneamente o cisne branco (símbolo da pureza e ingenuidade) e o cisne negro (metáfora para a malícia, sensualidade e maldade). Com a cobrança, seu destino se sobrepõe ao enredo de “O Lago Dos Cisnes”. Seu lado negro, exemplificado pela essência de sua feminilidade, aflora e toma conta de sua personalidade sem que ela consiga controlá-lo. Dá-se inicio a uma metamorfose (física, mental, imaginativa, real, ou todas ao mesmo tempo) que conduzirá a protagonista a conflitos que levarão personagens e plateia, a um destino perturbador.
O filme acaba por dar vida à metáfora do famoso ballet de repertório “O Lago dos Cisnes”, dos coreógrafos Maruis Petipá e Lev Ivanov.

A história do “Lago dos Cisnes”
Este ballet, criado em 1877 conta a história de um príncipe chamado Siegfried, que gosta muito de liberdade, porém prestes a completar 20 anos, deve escolher uma noiva entre seis princesas.
Ao observar os cisnes no lago um deles se transforma numa linda mulher. O jovem se dirige e até ela pergunta qual o mistério de sua transformação. Odette conta que é uma princesa que fora enfeitiçada e sua sina era ser um cisne e apenas algumas horas da noite ela voltava a ser mulher. Triste, ela explica que se um jovem virgem lhe jurar amor eterno e lhe desposar o feitiço acaba, porém se ele o trair, ela permanecerá cisne para sempre.
Na festa de seu vigésimo aniversário, Sigfried não se encanta por nenhuma pretendente e não tira Odette da memória. O feiticeiro responsável pelo encanto dos cisnes se faz passar por um barão para participar da festa e apresentar sua filha Odille, que é muito parecida com Odette. Quando o príncipe a vê se encanta e declara seu amor e fidelidade a ela. Dessa forma, o “barão” e sua filha revelam suas verdadeiras identidades e o príncipe percebe que foi vítima de um plano maligno.
Ao anoitecer, no lago, Odette revela aos outros cisnes que deverá morrer, pois seu amado jurou fidelidade a Odille. Contudo, o príncipe a encontra e implora seu perdão. Ela diz que irá se matar, pois está condenada para sempre. Sigfried sofre e diz que prefere morrer com ela. Dessa forma, inesperadamente o encanto se quebra. O casal se atira no lago e o feiticeiro recebe um choque mortal anulando todos os seus poderes. Enfim, Odette e Sigfried estarão unidos para sempre na vida após a morte.

Opiniões sobre o filme

Para começar, gostei muito do filme, assisti duas vezes (se bem q a segundo foi para entender melhor! hehehe), especialmente porque não é um filme "bonitinho" nem fofo, que nem Barbie e as princesar bailarinas, mas muito forte e realista, pois mostra como as bailarinas estão sujeitas a pressões (se nós mesmas nas aulas já ficamos às vezes, imagina as profissionais que lidam a busca da perfeição, competitividade e egocentrismo) e como esse estresse pode chegar a tal ponto de perturbação próximo à loucura, e também como tem gente que se aproveita da fragilidade de alguém para benefício próprio (como a Lily), e acaba piorando ainda mais o estado do outro. O final foi muito bom também (SPOILER!), porque não é um típico final feliz "onde viveram felizes para sempre", odeio filmes q acabam assim!, e a Nina conseguiu o que queria, afinal de contas. (Ana Paula Camillo)
Então, eu me impressionei muito com o filme, pois li bastante antes de vê-lo e vi o preparo que a atriz teve antes do filme e eu achei simplesmente incrível. Foi um trabalho tão intenso que ela realmente parecia uma bailarina há anos! Eu nunca assisti o lago dos cisnes, portanto a parte coreográfica, ou braços e cabeças eu não sei se estavam certos, porém as partes em que ela mostrava as técninas mais específicas como fouettes, pirouettes e até exercícios na barra eu achei excepcional. Por mais que ela tenha tido um treino muito intenso, ficou realmente perfeito(...) (Letícia Rodrigues)
Cisne Negro é um filme visceral. É a interpretação alucinógena das nossas dificuldades em equilibrar as duas faces de nosso ser, as duas pessoas que nos habitam (...) Ninna, a bailarina louca e perturbada, é o escracho da tentativa de matar um desses dois seres. Censurada, protegida e sufocada a vida toda para agir e pensar como um Cisne Branco - a ideia automática assumida por sua mãe e praticamente toda a sociedade em "ser uma menina meiga, doce e certinha", Ninna macetou seu crescimento como mulher, independente, sexual, sensual, aventureira e imperfeita (...) Ninna sofre porque, pela primeira vez, é desafiada a ter em si o Cisne Branco e o Preto. É desafiada a ser mulher, além da menina. É desafiada a ser alma, além de ser técnica (...) A dor, o sofrimento e as alucinações de Ninna não são pelo perfeccionismo do ballet ou da dança. Mas pelo novo trauma que está passando, o desabrochar da mulher que ela sempre sucumbiu, o grito voraz de seu outro lado... Enquanto vira Cisne, Ninna, pela primeira vez, sente o ballet em sua alma, em suas veias, mais forte que sua técnica (...)As passagens do filme podem ser de ficção, mas o cenário e o fim são os mesmos para todos nós. Não nos conhecemos o suficiente para equilibrar as pessoas que estão dentro de nós. Não nos entregamos de alma a tudo que fazemos, porque aprendemos a viver sob limites, regras, leis e aparências. Matamos, aos poucos, parte da vida, consumida por convenções sociais, trabalhistas ou emocionais (...) (Pâmela Vaiano)

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